
O ex-juiz, ex-ministro e senador eleito pelo Paraná, Sergio Moro (União-PR), esteve presente neste domingo (16) no debate da Band ao lado do candidato Jair Bolsonaro (PL ) , a quem já declarou apoio. No entanto, a aliança entre os dois teve momentos de tensão após Moro anunciar sua saída do ministério da Justiça e Segurança Pública, em abril de 2020.
Juiz responsável pelos trâmites da operação Lava Jato no Paraná até 2018 , Moro deixou a magistratura assumir o comando do Ministério da Justiça do governo Bolsonaro. Após pouco mais de um ano no comando da pasta, ele deixou o governo trocando acusações e xingamentos com o presidente.
As divergências entre eles, contudo, foram resolvidas. Bolsonaro, inclusive, revelou em 6 de outubro que ligou para Moro. “Apagamos o passado” , disse o presidente.
Após o debate deste domingo, Bolsonaro disse que o ex-ministro é um “exemplo vivo” do que foi a Lava Jato, e de “um dos responsáveis pelo ressurgimento do Brasil”.
Moro também voltou atrás e amenizou os conflitos que teve com o mandatário no passado. “Tenho, sim, minhas divergências com o presidente Bolsonaro, mas as convergências são muito maiores”, afirmou Moro.
Condenação de Lula
Em 2017, o até então juiz Sérgio Moro condenou o ex-presidente Lula a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O caso estava relacionado a um triplex no Guarujá, em São Paulo. Em março de 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as condenações de Lula no âmbito da Lava-Jato por considerar Moro parcial.
Moro acusou Bolsonaro de interferir na PF
Ministro da Justiça entre janeiro de 2019 e abril de 2020, Moro deixou o cargo no ministério acusando Bolsonaro de interferência na Polícia Federal.
De acordo com o ex-juiz, o mandatário pedia a troca do superintendente da PF no Rio de Janeiro. O ex-ministro afirmou que a prova da interferência era a reunião ministerial em que Bolsonaro disse que não aguardaria até que sua família fosse prejudicada e que iria trocar o “segurança” no Rio de Janeiro.
Bolsonaro sempre negou a interferência, dizendo que Moro não tinha provas das acusações. Ele chamou o ex-ministro de “traíra” e “idiota”.
“Não é digno da Presidência”, disse Moro sobre Bolsonaro em fevereiro
No início do ano, Moro chamou Bolsonaro de “covarde” e disse que “falta coragem” ao presidente. Semanas antes, Bolsonaro havia chamado Moro de “um idiota aí” ao comentar a pré-candidatura do ex-juiz à Presidência. “Tem um idiota aí agora, não vou falar o nome dele: ‘Ah, comigo a economia vai ser inclusiva, sustentável’. Esse cara passou aí um ano e pouco no meu governo, nunca abriu a boca em reunião de ministros”, disse o chefe do Executivo, em dezembro de 2021.
Como lhe falta coragem, Bolsonaro terceirizou seus ataques a mim. Mandou um produtor de fake news do outro lado do mundo preparar um vídeo cheio de mentiras e teorias da conspiração. Bolsonaro já é covarde na Austrália.
— Sergio Moro (@SF_Moro) January 20, 2022
Em fevereiro de 2022, Moro chegou a postar em seu Twitter que “não há escolha possível” entre “petrolão e “rachadinha”, fazendo referência a denúncias contra Lula e Bolsonaro. “Sério que, entre um ladrão de um lado e um ladrão do outro, a culpa é do juiz? Entre o petrolão e a rachadinha, não há escolha possível. Precisamos, sim, reformar nosso sistema de justiça para que casos de corrupção não fiquem impunes”, postou.
Sério que, entre um ladrão de um lado e um ladrão do outro, a culpa é do juiz? Entre o petrolão e a rachadinha, não há escolha possivel. Precisamos, sim, reformar nosso sistema de justiça para que casos de corrupção não fiquem impunes.
— Sergio Moro (@SF_Moro) February 22, 2022
Moro também postou que “assim como Lula, Bolsonaro mente”. “Nada do que ele [Bolsonaro] fala deve ser levado a sério. Mentiu que era a favor da Lava Jato, mentiu que era contra o Centrão, mentiu sobre vacinas, mentiu sobre a Anvisa e o [diretor-presidente da Anvisa] Barra Torres e agora mente sobre mim. Não é digno da Presidência”, declarou.
Assim como Lula, Bolsonaro mente. Nada do que ele fala deve ser levado a sério. Mentiu que era a favor da Lava Jato, mentiu que era contra o Centrão, mentiu sobre vacinas, mentiu sobre a Anvisa e o Barra Torres e agora mente sobre mim. Não é digno da Presidência.
— Sergio Moro (@SF_Moro) January 10, 2022
O senador eleito chegou a dizer, ainda, no começo deste ano, que “Bolsonaro enfim admitiu ontem que nunca defendeu o combate à corrupção e a Lava Jato”. “Era só mais um discurso do seu estelionato eleitoral”, postou.
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Fonte: IG Política