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Quem planta, colhe. Quem colhe e guarda, vende bem

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werner roger
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Um tema bastante comum para as analogias que faço é a agricultura – área que escolhi para minha formação acadêmica – sou engenheiro agrônomo. Sendo familiar para mim, fico à vontade para a linha que aproxima nossos processos de investimentos e a atividade agrícola.

Agricultura e investimentos, do modo como eu vejo, não só não são assim tão distantes, como, aliás, são muito, muito próximos. O agricultor que vai plantar, prepara antes o solo. Esse processo envolve etapas, como limpeza, sistematização, construção de curvas de nível e adubação. Nos investimentos, preparar o solo é pesquisar e analisar empresas candidatas.

A fase seguinte é a da semeadura: o agricultor vai avaliar quais sementes são as melhores, a melhor época para plantá-las, quais variedades são os que mais se adaptam à região e ao clima. Nos investimentos, as sementes são as empresas selecionadas, e evitando o joio, o gestor deve evitar empresas que não trarão bons resultados, embora pareçam promissoras à primeira vista.

Como gestores e empreendedores, também diversificamos, atendendo às diferentes necessidades de nossos investidores. Ao longo do ano, as empresas também apresentam resultados diferentes: fatores como sazonalidade, oferta de recursos setoriais, maturação de investimentos e distribuição de dividendos influenciam escolhas e decisões.

Agricultor e gestor, tendo feito o plantio ou comprado as ações, devem agora zelar e cuidar. O primeiro, por meio de tratos culturais, como adubações complementares, combate a pragas, ervas daninhas e doenças. Já nos investimentos, a equipe de analistas e gestores visita as empresas, conversa com executivos, reavalia e atualiza modelos, analisa os setores e fica de olho no que se passa no Brasil e no mundo.

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Fatores que podem influenciar mercados, preços e que tenham relevância para o rumo dos negócios de cada empresa podem vir, literalmente, de qualquer parte. Em tempos de vida digital, mais ainda.

Encerrado o ciclo de cultivo, vem a colheita. Se tudo correr bem, será farta e sem joios (parábola de separar o joio do trigo que significa apartar o positivo e o negativo). Mas muito do que pode afetar a colheita não é exatamente controlável. Clima e preços, por exemplo, para citar só dois. Com ações se dá o mesmo. O mercado acionário global e local nem sempre segue rumos que sejam favoráveis, à revelia de qual seja a situação das empresas.

E aqui chegamos num ponto realmente interessante: os preços das ações não necessariamente refletirá imediatamente os fundamentos das empresas – que podem ser satisfatórios e até mesmo superar as expectativas. Vários fatores podem protelar o ajuste pelo mercado do real valor de uma empresa, mas mais cedo ou mais tarde esta será precificada. Também o contrário, empresas super precificadas sem fundamentos que justifiquem, também sofrerão ajustes para baixo. Exemplos não faltam e não cabe aqui enumerá-los.

O gestor que realmente cuida de sua “plantação” entende que seu julgamento das empresas investidas não flutua (não deve) como faz o volátil humor do mercado, com seus comportamentos atípicos ou inesperados. Algo do que se vê refletido nos preços das ações vem de julgamentos quase sempre imprecisos, nos quais a emoção supera o discernimento técnico.

Além disso, quem decide comprar e vender, como sempre digo, na maior parte das vezes não é o gestor, mas sim os investidores dos fundos, ao aplicarem ou resgatarem seus recursos. Nos momentos de resgates, vendemos as ações que então estejam mais bem precificadas; no caso de novos investimentos, alocamos novos recursos ou dividendos recebidos nas ações mais descontadas ou momentaneamente atraentes, ou novas.

Para o agricultor, em situação de preços ruins ou clima desfavorável, ainda assim há proteção – através de seguros, hedge de preços ou armazenamento. Não é possível atrasar uma colheita (exceto em certas culturas, como a da cana-de-açúcar). O investidor deveria agir da mesma forma: não resgatar ou vender em face de preços estarem baixos apenas porque o mercado está fazendo isso. Tentar adivinhar quando virá uma alta de preços – ou pior: apostar que se saberá antecipar quando essa alta virá é, na prática, contratar o erro.

Nas empresas, já tivemos ocasião de dizer isso, são os dividendos que cumprem esse papel. Um preço não estar bom não é sinônimo de obrigação de vender – exceto, óbvio, quando o investidor assim o deseja. Nós apenas cumprimos as ordens dos “donos do dinheiro”.

O que posso dizer é que a vida de gestor parece bem mais fácil que a dos agricultores. Afinal, nós podemos vender uma ação e comprar outra quase simultaneamente. O agricultor não tem essa facilidade – afinal, não pode fazer com que as condições para o sucesso do plantio mudem para atender sua conveniência. Mas nós, gestores, ficamos à mercê principalmente de nossos investidores. Podemos controlar bem todo o ciclo. Só não temos controle sobre o mercado – ninguém tem – e sobre as decisões de nossos investidores, muitas vezes levados por fatores de curto prazo a fazer escolhas precipitadas.

Nosso papel é também tentar ajudar os investidores a tomarem as melhores decisões, decidirem por si mesmos e com vistas ao que julgam melhor para si mesmos. Para que decidam sobre seus investimentos, evitando se juntarem ao “rebanho” por não saberem o que fazer. Lembrem-se também, que o destino dos rebanhos na pecuária é o abate. Tentamos, assim, ajudar a razão a dominar a emoção. Queremos que, como bons agricultores, plantem bem e colham ainda melhor.

Fonte: IG ECONOMIA

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